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  • POV

Uma porta que se fecha é uma janela que se abre


Enquanto “tele-trabalho-agências”, parece que estávamos mais preparados para tudo isto do que se pensava. 


As equipas continuaram a trabalhar com eficácia, tanto por brio profissional, como por um sentido de missão. Sentiram-se dificuldades óbvias, resultantes de movimentos de reajuste e lay-off. A incontornável procura por um equilíbrio entre a produtividade e o bem-estar pessoal foi outra dificuldade. Mas foram dificuldades que acabaram também por estimular. A opinião generalizada dos anunciantes é que puderam contar com as suas agências de publicidade como nunca antes.


Ao nos darmos conta das novas dificuldades, também nos recordámos do velho ditado “uma porta que se fecha é uma janela que se abre”.


Desde há uns anos que ouvimos falar de como as agências foram perdendo a representatividade junto daqueles que são os “decision-makers” das grandes marcas e empresas. Cada vez menos parceiros e cada vez mais meros fornecedores de serviços. Não será este o momento para recuperar esse SOV junto dos nossos clientes?


Por um lado, em regime de teletrabalho têm-se adquirido novos comportamentos e atitudes. Na maioria dos casos, aumentaram as horas de trabalho e a pontualidade, e a eficácia e capacidade de resposta mantiveram-se ou cresceram. Aumentámos as expectativas em relação à produtividade e dedicação de cada um, e a probabilidade de que essas se mantenham elevadas no regresso à normalidade é alta. Depois de dar um passo à frente, difícil será dar um passo atrás.


Adicionalmente, vimo-nos numa situação em que os problemas que tentávamos solucionar diariamente eram tanto de negócio como de comunicação. Reparámos que existia uma oportunidade para as agências se expandirem além do que é a sua especialidade. “Soltámos” rigidez em alguns processos e atendemos às verdadeiras necessidades dos clientes. É altura para relembrar que as agências de publicidade têm a mais-valia de um pensamento estratégico diferente e de uma criatividade, que sempre serviram para muito mais do que apenas comunicar.


Por fim, as relações cliente-agência saíram fortalecidas. Os filhos pequenos, a sala de cada um, o cão a ladrar quebraram barreiras entre as pessoas. Partilhámos grande parte da nossa vida pessoal e é natural que a confiança aumente e as relações se fortaleçam. Fechados em casa, abrimo-nos mais ao mundo e ficámos mais conscientes dele, acabando por reforçar um importante objetivo da indústria.


Os acontecimentos recentes parecem ter-nos dado mais a ganhar do que a perder. Contudo, recuperar o nosso SOV depende da nossa atitude como agências, continuando a investir em talento, criatividade e estratégia. As agências que, neste momento, abrirem os horizontes e apoiarem genuinamente aqueles que as veem como suas parceiras, vão manter essa tal representatividade desejada. Isso será o “silver lining” desta situação para as agências.


Talvez o que o cenário atual nos veio trazer tenha sido o mindset necessário para sermos proativos. Força de vontade. Iniciativa. “Drive”. Aspetos que podem e devem prevalecer, se assim o quisermos. É importante relembrar que seremos sempre mais úteis a acompanhar uma marca e empresa a 100% – provam-nos os tempos que vivemos –, usando estratégia e criatividade para solucionar problemas, tanto de negócio como de comunicação, do que quando somos apenas ferramentas táticas a produzir anúncios. É mais uma janela de mudança que também aqui se abre e que a todos cabe a responsabilidade de bem aproveitar.



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