Digam o que disserem, o mundo precisa de menos pessoas de bem.
E muitas mais pessoas do bem.
É que, vendo bem, ser “de bem”, não é lá um grande feito.
Não implica esforço, só procedência ou linhagem. Basta nascer e já está.
Ou então ficar bem caladinho, sem fazer ondas.
Com honra e honestidade, como explica o dicionário.
Ser de Benfica não tem o mesmo peso, o mesmo esforço e amor que ser do Benfica.
Só uma vogal separa dois universos quase excludentes.
Diagramas de Venn sem pontos em comum.
De um lado, a História está recheada de exemplos em que as pessoas e as empresas de bem suportaram, apoiaram e mantiveram regimes injustos e autoritários. Aquela turba enfurecida arrombando as portas do Capitólio é composta – segundo a Fox News e um tresloucado ex-Presidente dos EUA - de gente de bem, honrada e honesta.
Já as pessoas e as empresas do bem são forças da natureza que alteram o curso dos acontecimentos: Ghandi, Mandela, Madre Teresa.
Pense lá: Jesus, no fundo no fundo, não era uma pessoa de bem. Não tinha residência fixa, trabalho, nem era pai de família. Era um arruaceiro, um antifa.
Mas era do bem.
Também na publicidade, há os anúncios de bem. Anúncios honrados e honestos, que seguem o código da Publicidade com honra e honestidade. Quem nunca sentiu o conforto de assistir (mais) um anúncio de uma ação de responsabilidade social que pouco ou nada tem de ação ou de responsabilidade social.
Mas o que cada vez mais move o mundo, são os anúncios do bem. A comunicação e as ideias de marketing que transformam a vida das pessoas.
A pandemia do Covid 19 extremou e tornou bastante clara a distinção de uns e de outros.
Houve muito oportunismo de bem e grandes ideias do bem.
Fiquei particularmente impressionado com a iniciativa da Budweiser em transferir todo o seu milionário patrocínio ao desporto profissional americano para os profissionais da linha de frente.
Ano passado, a LOLA Normajean, agência em que tenho o orgulho de trabalhar, foi galardoada com o Grand Prix do Bem (e não de bem) do Clube de Criativos de Portugal por ajudar a DGS a fazer as mensagens de esclarecimento sobre a Covid 19 chegarem de forma mais eficaz às pessoas. E o fez com uma iniciativa que só aconteceu porque profissionais e empresas do bem puseram o interesse de todos acima do seu próprio, abrindo mão de coisas tão importantes e valiosas como marcas, posicionamentos e shares de audiências, trocando os pivôs dos maiores canais de TV do país em horário nobre.
Nós, profissionais de comunicação, temos o privilégio de amplificar o bem. Nas próximas semanas, quiçá meses, podemos fazer de tudo para que a nossa indústria e as marcas para as quais trabalhamos sejam cada vez mais do bem.
É por mãos à obra, até porque segundo sondagem das urnas do último domingo, pelo menos 88,1% dos Portugueses concorda comigo.
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